13 de fev. de 2010

...

a gente nunca perde tempo, estamos sempre ganhando aprendizado.

2 de fev. de 2010

homens, tremei.

Querida irmã,
você bem sabe que nunca acreditei em coisas como
o diabo, demônio, tinhoso e entidades malignas do gênero.
Sempre concordamos que o mal mora mesmo é dentro de nós,
dividindo o espaço a duras penas com nossos mais elevados
sentimentos de bondade, etc. Pois eis que hoje eu me deparo
mais uma vez com a questão, de forma inexorável, inescapável,
e me ponho a elucubrar sobre o mal em mim. Sim, ele mesmo.
O MAL. Uma coisa grande e pastosa, fervente e borbulhante.
moléculas em ebulição. Uma comichão nos braços e nas pernas,
a cabeça pequena demais para o cérebro.
Não é possivel que isso seja uma coisa minha, entende?
Não, não, é algo externo, isso não faz parte de mim, certeza.
Ora, sem dúvida alguma, obra dele, do capiroto.
Nessas horas sou obrigada a acreditar que ele existe,
nada mais natural. Quem afirma que o dito cujo foi
inventado por Deus ou pelo homem, nunca topou com
uma mulher as vésperas de menstruar.
Me ajude a entender: a TPM é obra do cão, ou
foi uma mulher com TPM quem inventou o maldito?
Não se pode atribuir tamanha atrocidade emocional
apenas aos ciclos lunares, nossa mãe lua tão linda
e branca no céu não poderá ser a única culpada.
Não sei. Só sei que esse descontrole não é bom.
Definitivamente.
A coisa além de tudo ainda me deixa burra.
Um verdadeiro perigo para a sociedade.
Feliz da nossa santa mãe que diz que nunca teve isso,
ela que é um ser altamente evoluído, das estrelas,
porque nesse momento eu me sinto a própria
filha de lúcifer, Deus que me perdoe.
Aliás, me perdoe você e nossos pobres leitores,
se é que ainda nos resta algum,
depois dessas manifestações negras.
Ainda bem que são só alguns dias,
porque nem eu mesma me suporto.
Quer coisa mais humilhante do que uma criatura
que chora alto pelos cantos, um choro deplorável,
por qualquer motivo, uma topada no mindinho é a morte.
Ó céus. Ainda bem que tu me ligou hoje, naquela hora crítica
e ainda bem que era tu ao invés de um incauto inocente.
Sinceramente, desculpe pelo choro e as lágrimas amargas
e todo aquele horror, ai de nós. Vou parar de me lamentar.
Foi só um desabafo necessário e humano,
demasiadamente humano, pronto falei.
Até porque tava te devendo um post.
Pena que tenha que ser algo tão terrível.
Mas tudo bem. Assumo a minha condição de mulher
vulnerável aos hormônios e sigo em frente, lépida,
porque o tempo não pára nunca, a louça tá na pia,
amanhã o menino tem escola e tudo mais.

Mas cá entre nós, acho que deveríamos ter um pouco
mais de respeito pelo capeta. Quem sabe convidá-lo
para um chá (de preferência de camomila)
seja mais educado do que tentar expulsá-lo
aos berros da nossa existência menstrual.
Até porque enquanto a gente grita e esperneia
e se esvai em cólicas, o cidadão fica ali, espreitando
e se rindo da nossa cara, o que só nos deixa mais
nervosas e suscetíveis.

Coragem. Afinal, é só o que a vida quer de nós.

Um beijo tepeêmico e choroso,
mas cheio de amor.
Inté.


''O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe
mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de
existir para haver - a gente sabendo que ele
não existe, aí é que ele toma conta de tudo.''
Guimarães Rosa.